13 de Maio de 1946
Coroação de Nossa Senhora de Fátima
Pelo Legado de Sua Santidade Pio XII
«E no Santuário?
Há vinte anos que o espectáculo das grandiosas peregrinações de Maio se repete, e cada
ano parece superar o precedente: sinal que mais ou menos se tem mantido no mesmo nível. Desta vez todas as circunstâncias concorreram a torná-lo único. E primeiro o tempo de rigoroso inverno que parecia feito para acovardar a fé mais intrépida. A quem dele se lamentava diante do Senhor Bispo de Leiria, esperando que Nossa Senhora mandasse um dia de sol, observava o Bispo-Capelão de Nossa Senhora:
- Deixe chover. Os turistas não aparecem, e não fazem falta. Do povo fiel não falta
ninguém.
E não faltou. Foram mais de 220.000 nos 30.000 autoveículos que lá se reuniram; mas a
maior parte foram a pé, palmilhando distâncias de 50, de 100, de 200, até de 400 quilómetros, do extremo norte e do extremo sul do país, e a Cova da Iria contou naquele dia certamente mais de 500.000 peregrinos, a ponto de pela primeira vez parecer pequena para tamanha multidão, e a dada hora ser preciso cerrar os portões de entrada para sustar por algum tempo o afluxo.
Vieram depois todos os actos de culto, realizados pontualmente segundo o programa,
apesar da chuva intermitente e do vento agreste. Só a procissão das velas não pôde efectuar-se à letra, por falta de espaço onde desfilar: mas o espectáculo de todo o Santuário a arder em vivo fogo, e o fervor que se traduzia nas orações e cantos, transportavam o espírito a um mundo desconhecido.
A adoração nocturna colectiva, e as adorações parciais de particulares grupos de
peregrinos: Velada de armas celestial! Noite incomparável de oração e penitência!
(…)
Depois a apoteose inexcedível que acompanhou o solene rito da Coroação.
E o soleníssimo Pontifical a ressoar nas almas como um hino de vitória!
E ainda os 600 doentes (tinham pedido inscrição perto de 6.000), cuja fé resignada a Mãe
da Misericórdia confortou, e pareceu premiar com numerosas graças. De facto, falou-se de sete curas extraordinárias registadas naquele dia, umas no Santuário, outras fora, concedidas a doentes que seguiam as cerimónias radiofonicamente.
Eis aqui três: D. MARIA JOSÉ DA SILVA, de 21 anos, natural de Tomar. Uma grande chaga
com três fístulas profundas no abdómen e outra chaga no braço esquerdo; todas supuravam
abundantemente, havia já quatro anos, sem que a medicina conseguisse curá-las. Ao receber a Bênção com o SS. Sacramento, cura instantânea “que não se explica naturalmente” atesta o Dr.
Augusto d’Azevedo Mendes, director do hospital de Torres Novas.»
Excerto do livro “Nossa Senhora de Fátima: aparições-culto-milagres”, P. Luís Gonzaga Ayres da Fonseca S. J., Livraria Apostolado da Imprensa, 1957
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